terça-feira, 17 de agosto de 2010

Relatando o momento

     De manhã, bem cedo, fui esperar o autocarro que dá para a Praia da Vitória. Tinha o dia bem planeado e de entre muitas outras coisas iria almoçar com alguns colegas.
     O autocarro estava atrasado e é quando vejo uma senhora na casa dos oitenta anos, com as pernas ligadas, o peso da idade nas costas, a bengala numa mão e a outra carregada de sacos. Levava um lenço na cabeça e no rosto trazia as marcas de uma vida de trabalho.
     Como sempre fui assim e não posso nem quero deixar de o ser, prontifiquei-me logo a ajudar e ofereci-me para levar os sacos a sua casa, esquecendo os meus próprios planos.
     A verdade é que ela não estava muito disposta a aceitar a minha ajuda, pois com a idade que tinha era normal mostrar alguma desconfiança. Tanto insisti que ela aceitou.
     A caminho daquela que eu pensava ser a sua casa, confessou-me que nos dirijiamos para o seu local de trabalho à quarenta anos.        
     Nuca fez descontos e de forma consequente não tinha direito, sequer a uma pensão por invalidês. Ou seja, é trabalhar até morrer. Morrer, se calhar, numa das suas tão difíceis caminhadas até à casa onde "dá dias".
     Perguntei-lhe se tinha família e ela esmorecendo ainda mais do que já estava, revelou-me que nunca tinha tido filhos e que a ùnica família que tinha era uma irmã acamada da qual ela própria tratava. Afirmou que a sua família, era afinal de contas, as pessoas para quem toda a sua vida trabalhou.
     Deixei-a no sítio previsto e regresssei a casa. Para falar a verdade não estava com muita vontade de me ir divertir depois de uma história de vida daquelas.
     Ao despedir-me dela, deu-me um abraço e um beijo. De uma coisa tenho a certeza, aqueles segundos ficarão guardados para sempre no meu coração.
     Resumindo, o episódio que acabei de relatar é um retrato do nosso país. É preciso não esquecer a população idosa e como cidadão estar sempre atento ao que mais falha na nossa sociedade.   
     Confesso que tenho quase a certeza que a minha ida à Praia da Vitória não ia ser tão boa como foi este meu "passeio".

Sérgio Ficher


2 comentários:

  1. Quero-lhe convidar para o

    I Concurso online de blogues no "Tradições Terceirenses"

    "Blogue Mais Interessante da ilha Terceira 2010"

    O vencedor será eleito através do voto das pessoas no meu blogue, e o meu blogue não estará presente a concurso para não influenciar o resultado.

    Gostaria de saber se quer participar no concurso? Não recebe nem gasta nada por isso, é apenas uma forma de espalhar o nome dos blogues da ilha Terceira na internet...

    Gostaria que me respondesse antes do dia 30 de Agosto.

    A única coisa que recebe em troca é uma simbólica imagem postada no meu blogue(se quiser ver, é o último post de todos...)

    Cumprimentos,

    Rodrigo Silva

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  2. Agradeço a inscrição no concurso e desejo-te as maiores sortes, bem como a todos os outros participantes!

    Posso para já garantir que ao menos já existem inscrições suficientes para haver concurso...

    Cumprimentos,

    Rodrigo Silva

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